quarta-feira, 30 de maio de 2007

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Há músicas na nossa vida que nos fazem chorar. A música que se ouve neste blog é uma delas. É uma música que me toca bem fundo no meu coração e me faz lembrar uma pessoa muito especial para mim. Uma pessoa com quem partilho os melhores momentos da minha vida mas, neste agora, esses momentos não podem ser partilhados... Serão apenas partilhados por mim, comigo e com o meu ser.
Existem alturas na vida em que sentimos que algo não está certo. Costumam chamar-lhe pressentimentos. Eu tive alguns, mas nunca questionei ninguém por pensar que poderiam ser coisas da minha imaginação. O coração sente, mais forte que a alma. Esses sentimentos custam a passar, mas como o povo diz "o tempo cura tudo".
Sei que posso demorar a ultrapassar esta fase, mas vou consegui-lo.
Valerá a pena lutar contra algo que outra pessoa talvez não queira ou tenha receio??? Esta é uma pergunta à qual ainda não tenho resposta mas poderei tê-la daqui a algum tempo...

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Tristeza....


Dias existem em que nos sentimos tristes. Dias como hoje em que me sinto assim... triste. Acordei com uma enorme vontade de chorar. Acordei sem qualquer vontade de me levantar e ir trabalhar, olhar para as pessoas, sair a rua, ver o claro do dia, ouvir os pássaros a cantar. Apenas queria ficar naquele mundo de sonhos e ilusão onde vou todas as noites quando encosto a cabeça na almofada. Aquele mundo onde tudo é perfeito, onde sempre o sol brilha, onde o mar é transparente, onde os pássaros se juntam a nós sem medo... um mundo onde tudo e nada existe. Já me questionei o porquê de estar assim, com este sentimento de tristeza. Tentei encontrar respostas... não as encontrei concretas, apenas uma ideia vaga, uma possibilidade de estar assim. À medida que o tempo vai passando, vamos sempre ficando mais velhos e a ver a nossa juventude cada vez mais longe. Lembramos as brincadeiras de crianças na escola, o nosso primeiro amigo, a nossa primeira amiga, a nossa primeira "namorada", o nosso primeiro beijo. Tudo num tempo em que eram apenas brincadeiras de crianças inocentes, crianças que se sentiam felizes, brincavam, não tinham preocupações. O tempo foi passando e coisas novas foram surgindo. A mudança de escola, a conquista de novos amigos, a descoberta de um mundo diferente. Tudo passou a ser mais complexo, a ser complicado de entender, o porquê de isto ou de aquilo. As brincadeiras mudaram, os gostos mudaram, os pensamentos alteraram-se, as descobertas passaram a não ter a mesma intensidade. Tudo à nossa volta mudou, nós mudámos. Tivemos coragem para dizer "amo-te" a alguém, não sabendo, talvez, bem qual o significado dessa palavra. O grande primeiro amor surgiu, uma vivência prolongada com alguém apareceu, a primeira relação sexual... Os primeiros desgostos de amor, de amizade, as traições.... Os 18 anos chegaram e a vida colocou-se à nossa frente. Nessa altura parámos e começámos a ver que seria necessário olhar a vida de uma forma diferente. A vida de criança e adolescente tinha terminado. Desse dia em diante tudo seria diferente. As brincadeiras acabaram, as preocupações começaram; os sonhos morreram, a realidade passou a estar bem à nossa frente; a descoberta findou, a procura começou... Como era bom ser criança. Feliz e inocente..... Não acordar triste e sentir-me triste durante horas....
Tenho saudades desse tempo... (talvez seja por isso que estou triste neste momento)....


segunda-feira, 7 de maio de 2007

Dia da mãe


Ontem foi o "Dia da Mãe", dia institucionalizado por alguém, num qualquer tempo por uma qualquer razão. Como alguém um dia disse o "Dia da Mãe" é todos os dias, porque mãe é sempre aquela pessoa e não uma qualquer que tenhamos que ter um dia especial para ela. Mãe é aquela pessoa que nos cria, que nos ama, que nos ajuda, nos chama a atenção quando necessário é, que nos castiga por este ou aquele erro. É uma pessoa que está sempre disposta a ajudar-nos nos bons e maus momentos, mesmo que para isso tenha que dispôr das suas coisas para nos ajudar. A mãe é acima de tudo uma amiga, uma confidente, aquela pessoa que nos conhece melhor do que ninguém, quela pessoa que sente quando estamos mal, que sacrifica tudo por nós.
Tudo isto é bonito de se dizer, escrever e ler, mas na realidade nem sempre é assim. Será mãe uma pessoa que abandona o filho por esta ou aquela razão? Será mãe uma pessoa que quer ver o seu filho a não singrar na vida? Será mãe uma pessoa que ao passar pelo filho na rua não lhe diga "bom dia" ou "boa tarde"?
Terá alguém o direito de substituir uma mãe? Terá alguém direito a ser uma espécie de mãe para um qualquer filho? Tudo perguntas para as quais por vezes não temos respostas, não sabemos o que pensar e não sabemos o que fazer em dias que deveriam ser especiais para nós quando não temos a nossa mãe por perto, não por razões "divinas", mas sim por razões que nem nós próprios sabemos explicar.

No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.

Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.

Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;

Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;

Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

"poema à mãe" - Eugénio de Andrade, Os Amantes sem Dinheiro