terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Medo, receio, vontade...



"Apercebo-me dos meus erros, mas não os corrijo. Isso só confirma que podemos ver o nosso destino, mas somos incapazes de o mudar. Apercebermo-nos dos erros é reconhecer o destino, e a nossa incapacidade para os corrigirmos é a força do destino. Apercebermo-nos dos erros é um castigo pesado. Seria muito mais fácil considerarmo-nos bons e culparmos os outros todos, encontrando consolação na ilusão da vitória sobre o destino. Mas mesmo essa felicidade não me é dada."

Alexander Puschkine, in 'Diário Secreto'


É sempre mais fácil vermos os erros dos outros do que os nossos próprios. O dom de ver os erros que nós próprios cometemos talvez não seja acessível a todos.
Não digo que tenha esse dom, mas tenho a capacidade de ver os erros que cometi. Em alguns tenho a culpa absoluta, noutros não.
As consquências dos nossos erros só as vemos mais tarde e, na maior parte dos casos, essas consequências são graves. Existe algo em nós que não nos deixa aceitar a ajuda dos outros ou nos faz ter dificuldade em aceitá-la. Orgulho é algo que é bom, mas quando em excesso é um erro.
Há quem diga que é com os erros que nós aprendemos, mas o orgulho não deixa. Já houve erros cometidos que deveriam ter feito mudar algo ou maneira de ser, ou de pensar, ou de agir. Não resultou. Agora que o abismo está perto as coisas começam a amontoar-se no pensamento e a incapacidade de agir surje como um peixe em pleno oceano...
Incapacidade de agir, vontade de chorar, vontade de desaparecer, sentimento de revolta (talvez com nós próprios) bloqueia-nos e não nos deixa pensar nem agir.... Sabemos o que queremos fazer, ou apenas temos uma ideia, mas o medo de continuar, o medo de lutar, o medo de voltar a errar é tão grande que nos sentimos presos...
Pensar ajuda, mas pensar em demasia faz-nos ficar ainda mais confusos, ainda com mais receio....
Sei o que quero, mas ao mesmo tempo não o sei...

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